terça-feira, 31 de agosto de 2010


Minha lâmpada de cabeceira está estragada. Não sei o que é, não entendo dessas coisas. Ela acende e, sem a gente esperar, apaga. Depois acende de novo, para em seguida tornar a apagar. Me sinto igual a ela: também só acendo de vez em quando, sem ninguém esperar, sem motivo aparente. Para a lâmpada pode-se chamar um eletricista. Ele dará um jeito, mexerá nos fios e em breve ela voltará a ser normal, previsível.
Mas e eu? Quem desvendará meu interior para consertar meus defeitos?

.Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 26 de agosto de 2010


A moça era acostumada a ver beleza nas coisas mais simples, desde pequena - herança do avô. E aqueles olhos garimpeiros, ela não queria mais perder. Com eles, a vida ganhava novo sentido. Ela seguia seu rumo costurando nuvens e esticando horizontes com um olho só. Sem falar no buquê de sorrisos que ela plantava em todo lugar.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

(...) Faz muito tempo que você não vem, sei do tempo que você não vem porque guardei no meio das minhas roupas um pedaço daquela maçã que você me trouxe da última vez, e aquele pedaço escureceu, ficou com cheiro ruim, encheu de bichos, até que eles me obrigaram a jogar fora. Acho que os pedaços da maçã só se enchem de bichos depois de muito tempo, não sei. Parei um pouco de escrever, roí as unhas, preciso roer as unhas porque eles não me deixam fumar, reli o começo da carta, mas não consegui entender direito o que eu pretendia dizer, sei que pretendia dizer alguma coisa muito especial a você, alguma coisa que faria você largar tudo e vir correndo me ver ou telefonar e, se fosse preciso, trazer a polícia aqui para obrigá-los a deixarem você me ver. Eu sei que você quer me ver. Eu sei que você fica os dias inteiros caminhando atrás daqueles muros brancos esperando eu aparecer. Eles não deixam, acho que você sabe que eles não deixam. Não vão deixar nem esta carta chegar às suas mãos, ou vão escrever outra dizendo que eu não gosto de você, que eu não preciso de você. Mas é mentira, você tem que saber que é mentira, acho que era isso que eu queria dizer preciso escrever depressa antes que eu me esqueça do que eu queria dizer era isso eu preciso muito muito de você eu quero muito muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro ou do outro lado. (...)
Eu acho graça e penso em como você também acharia graça se soubesse como eles repetem que você não existe. Depois eu paro de achar graça e fico olhando a porta por onde não entra o telefone por onde você não fala e me lembro do pedaço apodrecido daquela maçã e então penso que talvez eles tenham razão, que talvez você não venha mais, e com dificuldade consigo até pensar que talvez você não exista mesmo. Mas não é possível, eu sei que não é possível: se estou escrevendo para você é porque você existe. Tenho certeza que você existe porque escrevo para você, mesmo que o telefone não toque nunca mais, mesmo que a porta não abra, mesmo que nunca mais você me traga maçãs e sem as suas maçãs eu me perca no tempo, mesmo que eu me perca. Vou terminar por aqui, só queria pedir uma coisa, acho que não é difícil, é só isso, uma coisa bem simples: quando você voltar outra vez veja se você me traz uma maçã bem verde, a mais verde que você encontrar, uma maçã que leve tanto tempo para apodrecer que quando você voltar outra vez ela ainda nem tenha amadurecido direito.

Caio Fernando Abreu

[...] sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor, pois se eu me comovia vendo você, pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo, meu Deus...como você me doía! De vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme...só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: Meu Deus, mas como você me dói de vez em quando!


Caio Fernando Abreu

domingo, 22 de agosto de 2010



"Eu preciso muito muito de você eu quero muito muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro.Mas eu preciso muito muito de você."

terça-feira, 17 de agosto de 2010



"É Proibido

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual".

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Alguma coisa não acontece no meu coração


Eu não gosto mais de sair na chuva, nem observo mais a cidade em movimento da janela do carro, não canto mais no chuveiro, nem sinto mais vontade de correr pelas ruas.
Não quero mais conversar sobre meus males sem cura, não tenho mais ânimo para falar da vida alheia, não me entristeço com notícias tristes nem me alegro com relatos felizes.
Não tenho mais pratos prediletos, vontade de fazer algo diferente, sinto preguiça de sair de onde estou e ando meio sonolenta.
Às vezes a vida pára, o português não muda e você não sabe se rebola sua vida para o futuro ou paralisa aqui mesmo.
Tem algo me fazendo falta, tem um tempero faltando nessa comida. Algo era para vir e não veio. Alguma coisa não acontece no meu coração.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


desenho flores quando não as alcanço, apenas para sentir e ver de perto suas cores. é bom, sabia?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010


"Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim.”

sábado, 7 de agosto de 2010

quinta-feira, 5 de agosto de 2010



eu ouço sobre o amor e me calo
eu não quero nem saber
o que me espera
eu acelero tomo um gole
do que não me conheço
e meu primeiro porre será mistério imenso
eu vim do avesso
reverso do que é aceito
ninguém sabe tudo
nada é perfeito
eu escuto fora
com ouvido de dentro
eu me alimento
do meu silencio

e canto
porque sinto encanto
sinto-me tanto
e canto
porque sinto encanto
sinto encanto

eu ouço sobre o amor e me calo...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010


Você pode ter mil amores, mas só um realmente vai fazer falta! Geralmente esse estava todo tempo do seu lado e você nem via, ou se via não sabia que necessitava tanto dele. Entre todos os seus amores, irá descobri que a maioria você amou porque queria que sonhos se realizarem... Que sonhos se concretizassem, vendo apenas nessa pessoa a possibilidade de ser feliz. As vezes você acha que ama alguém quando na verdade você ama a história que uniu vocês. E quando ela acaba, quando ela passa,o que acontece? Você vive de passado, se prendendo a ele e a quem fez parte dele! Tem vezes que se ama muito alguém pelo fato de vê-lo como algo que todos gostariam de ter. Não é amor, é só desejo. É difícil você amar alguém por esse alguém lhe amar e aquela velha história (...) " E quem eu quero, não me quer e quem me quer, eu não quero ". E por que disso? de tudo isso? Por que essa pessoa não te ofereceu uma história bonita, em nenhum momento ela lhe fez falta... Realmente você teve sonhos que coubessem a ela, ou planos, mas você não teve de lutar por ela, Porque ela não te fez chorar, porque ela esteve sempre ao seu dispor... enfim. O amor chega de outra direção e não é der repente. Ele não surge, ele acorda, se desperta!E ele nunca vai querer te ver triste, pelo contrário, cada minuto será especial e lhe dará motivos para sorrir. Não procure um amor, espere! Não prenda ninguém, quando se ama mesmo , você deixa a pessoa livre para escolher. No amor não existe posse, mas sim companhia! Disponha dos que virem não despreze quem não quer e não chore por um fim. Um amor verdadeiro, começa bem mas não termina bem; Não termina bem... Porque nunca tem fim.

" Se todo fim fosse bom, não seria fim, seria o começo!"

domingo, 1 de agosto de 2010

Faz de conta



Faz de conta que o céu tá bonito, que a saudade é pequena e que a fé é muita. Faz de conta que a dor foi-se embora. Faz de conta que ama e que é amada. Faz de conta que nada mais sangra, que o sonho não acabou e que o riso é constante. Faz de conta que num piscar de olho a gente constrói o que a gente quiser. Faz de conta que o amor é tanto que corre das veias e chega a sobrar. Faz de conta que a inocência ainda existe e tá pertinho da gente. Faz de conta que as pessoas que a gente gosta apareçam em sonho. Faz de conta que o fio da vida é longo e que nele cabe a eternidade. Faz de conta que as cantigas ocupam o lugar do choro. Faz de conta que a gente consegue desatar os nós de marinheiro que a vida dá. Faz de conta que não é preciso inventar.