domingo, 11 de dezembro de 2011

das cartas escretas, nunca entregues.


Porque eu tenho tido saudade de você, saudade de nós dois, das nossas tardes ensolaradas e nossos dezembros intermináveis. Eu era tão apaixonada. E conhecia cada pedaço seu. Porque num abraço eu guardava todos os teus medos. E você despejava sorrisos no meu rosto quando levava a dor embora. Eram tão bonitas nossas saídas de verão. Eu adorava contar as batidas do seu coração. Lembra do dia da chuva? Que a gente se atrasou? E ficamos bem mais do que devíamos? Querido eu nunca mais conheci abrigo tão seguro quanto teus olhos castanhos. E nem ninguém tão gentil… Então me desculpe por ter partido sem você. Se suas palavras não me comoveram. Mas é que eu já tinha feito uma escolha. Desculpe-me por não ter ficado. Me desculpe pelas lágrimas corridas. Não espero um retorno, nem mesmo perdão. Você sempre teve razão. Todo mundo teve. Só eu que não vi. Mas eu escrevo mesmo é para agradecer.
Então obrigada pela saudade linda, e memórias adoráveis…

*Chuva de Inverno

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Existe um único antídoto para a falta de tempo. Um único. Estar apaixonado. Esquecer de si para inventar o desejo. O desejo transforma-se no próprio tempo. Tudo é adiado. A dispersão nos leva a reparar nas janelas, nos interruptores, nos sapatos dos colegas. As córneas se abaixam. Nada mais tem tanto significado do que se aprontar, ensaiar e aguardar perfumado o encontro. Passar as roupas é uma necessidade. Os vincos são desafiados com inusitada paciência. Depilamos a agenda. Compromissos sérios pulam de casas e horários. Antes imutáveis, as reuniões trocam de vôo de modo nervoso. O trabalho passa violentamente rápido. Não há o medo de ser demitido, o medo de se proteger, o medo de repetir as relações passadas, a segurança de prever. Cada um assume uma condição noturna, intermitente, o olhar abobado e a vontade excessiva. A imaginação pára a escrita em um só nome. Aconselho a quem não tem tempo: apaixone-se. Perca a cabeça na guilhotina. Entregue seus pés para a espuma. Permita a cintura subir como um chafariz. Não pense que vai dar errado. O que pode dar errado já aconteceu antes. Dentro do tempo.

.Fabrício Carpinejar.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Menos.

por: MF. Mais Do Mesmo É Preciso Dar Vazão Aos Sentimentos;


Eu gosto é de detalhes, de surpresas, de gente que observa. Sou daquelas que muito pensa e pouco fala. e quando fala, fala, fala, fala, mas sem dizer nada - deixo tudo subentendido nas entrelinhas. Acontece o mesmo, mas mais explícito, quando escrevo e, se quer saber, eu prefiro mil vezes escrever. Desisti de por em prática falar, como uma vez me disseram: você tem que falar o que sente, MF, ninguém é obrigado a ficar adivinhando. Ok. Eu tentei, juro que tentei. Mas não adianta, não mais. Desacreditei na eficácia, talvez... E agora vejo a vida passar, a rotina se infiltrar pelas beiradas sem nada de novo. Nadinha. Nem um frio na barriga sequer, nem um desafio qualquer nem nada digno de por estrelas nos olhos e alvoroçar borboletas cá dentro. Acho que nesse vício de engolir palavras, acabei matando uma a uma, por falta de espaço pra voar... Falta mais levez, mais ação, menos pensar. Mais notes sem dormir, mais seriados, mais filmes, mais lutas antigas e receitas impossíveis de recriar. Mais silêncio. É isso! Falta o silêncio que não é incômodo, a rede balançando perto do mar, o café recém coado, flor arrancada do chão, bilhete grudado no espelho. Falta um canto pra se esconder. Eu tenho querido tanto me esconder, só por uns dias, pra ver se me refaço e volto inteira e se perguntares o que foi que quebrou ou que parte de mim perdi, já adianto: não sei. Como, porque, aonde. Não sei... 'tá é faltando chacoalhar pra ver se volta tudo por lugar. Tirar a poeira da adrenalina, guardar o tédio no armário, sair sem ter hora nem lugar pra voltar, sem saber o que esperar e sorrir, suspirar e surpreender com o que tem na linha do horizonte, ali onde o céu se fantasia de mar. Falta é mais pores de sóis, mais rima, mais detalhes escondidos nos lençóis. Falta menos imaginação e mais verbo. Menos preocupação e mais toque, mais incertezas, mais insegurança, mais adrenalina, mais ovos no chão e nenhuma zona de conforto. Falta deixar o pensamento na soleira da porta e SENTIR. Só ir.
"Hoje acordei com você na cabeça. Pensei em seu sorriso e mentalmente te
mandei um beijo. Recebeu?"

Fernanda Mello
"Não carrego malas pesadas de mágoas, aprendi a reduzir a bagagem do coração. Sei que a perfeição anda a passos largos de mim, isso não me aborrece, deve ser chato acertar sempre. Tenho sonhos e projetos para o futuro, mas, por enquanto, meu caminho é a estrada do agora."

Renata Fagundes