sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Qui Nem Jiló

Se a gente lembra só por lembrar
Do amor que a gente uma dia perdeu
Saudade inté que assim é bom
Pro cabra se convencer
Que é feliz sem saber
Pois não sofreu

Porém, se a gente vivi a sonhar
Com alguém que se deseja rever
Saudade intonce aí é ruim
Eu tiro isso por mim
Que vivo doido a sofrer

Ai, quem me dera voltar
Pros braços do meu xodó
Saudade assim faz doer
Amarga que nem jiló

Mas ninguém pode dizer
Que vivo triste a chorar

Saudade, meu remédio é cantar
Saudade, meu remédio é cantar

Gonzagão.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Quem Somos Nós?

Quem sou eu?
Sou um livro de páginas repletas de sentimentos ocultos.
Quem é você?
Você é o meu silêncio.
Quem sou eu?
Sou os acordes leves dissonantes entoados a vida.
Quem é você?
Você é a canção que ouço ao barulho dos ventos.
Quem sou eu?
Sou a leve impressão digital num coração.
Quem é você?
Você é o clarão do sol que acorda mais cedo para giar meus passos.
Quem sou eu?
Sou o olhar raro e represante de lágrimas refinadas.
Quem é você?
Você é a flor que abraça com cuidado para não me ferir com seus espinhos frágeis e afiados.
Quem sou eu?
Sou a história concreta da vila dos loucos.
Quem é você?
Você é a certeza de que existe o amor em máquinas pensantes.
Quem sou eu?
Sou o choro de gaivotas sobre rios e riachos.
Quem é você?
Você é o canto sutil do respirar do ser.
Quem sou eu?
Sou a vontade louca de amar incansavelmente.
Quem é você?
Você é a maciez das pedras e a rigidez das plumas.
Quem sou eu?
Sou o pacto de assumir o impossível.
Quem é você?
Você é o pacto de tornar possível a certeza do impossível no silêncio ardente.
Quem sou eu?
Quem é você?
Quem somos nós?
Somos o resultado de uma soma dividida num respirar, num parecer de estatísticas lançadas sobre a escuridão reinante em noites de lua. Somos os galhos que apalpam troncos rígidos entre portões vigilantes do medo, as folhas que envolvem os frutos do pecado, a casca dura molhada de desejos secos na manhã. Somos o não e o sim, o abraço e o beijo, o talvez da dúvida maluca, o hoje contando as horas do amanhã, os segundos do depois, os milésimos do depois, do depois...
Quem sou eu?
Quem é você?

Por: Toinho Chagas.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

"Pois quando a gente abraça, traz para dentro a pessoa: com bagagem, passado, infância, viagens e o principal: seu perfume espiritual."

Marla de Queiroz

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Always

'tá chovendo no meu quarto e, você sabe, às vezes eu fico um bocado menininha nesses dias de chuva. Te arranhei um recado pouso antes, desenhei umas palavras bem bobas só pra dizer o quanto te quero, te admiro, te quero bem. Tem vezes que destôo  um pouco da nossa rotina, outras que a gente se estapeia, mas, num apanhado geral, você consegue perceber como nos damos bem? A gente se conhece no íntimo, a gente se reconhece nos suspiros, na troca de olhares, na mensagem de texto. Nós nos entendemos num ponto, numa vírgula, num telefonema que falta no meio da tarde, num bom dia amassado em voz de ressaca, num abraço de vamos-dormi-só-mais-um-pouquinho. Eu estou feliz, sabe garoto? Tem quem diga que felicidade muita, tem mais é que ser guardada a sete chaves, escondida do mundo e da inveja. Concordo descordando, sabe? Acho que nós, depois de tanto, já estamos e desdenhar a felicidade alheia porque não sabem como bordar alegria às sua rotinas. Tiramos de letra, meu caro. Depois de muito apanhar e viver verdadeiros tsunamis em dias de mar manso, Aprendemos a tirar de letra. Aprendemos a driblar a infelicidade, a mesmice. Aprendemos a colorir os dias cinzas, a amanhecer cantando e dançando, a permitir a preguiça debaixo dos lençóis, a repetir o mesmo cardápio todo santo final de semana e, nem assim, rotinizar. Whatever, rapaz. O fato é que 'tá chovendo manso no meu quarto e eu te desenhei umas palavras bobas porque a felicidade - tal como a tristeza - quando é demais também precisa transbordar. E eu transbordo entre sorrisos, e eu te aninho em pensamentos, te mimo, te guardo, te quero bem. Te quero muito bem. Nos quero sempre bem.

See i'm all about them words
Cause you and i both loved

É a vida.

Ando, sei lá, de cara virada pra muita coisa. Virei o rosto pro céu cinza, virei os olhos pros desamores, paras as brigas mornas, para as birras inúteis. Antipatia mesmo! Não querer saber mesmo! Pouco me importa. De verdade! Pouco. Me. Importo. 'to cansadinha dessa gente toda que dá valor pras desavenças, que transforma furacão qualquer brisinha que lhes desarrumem os cabelos. Vamos acordar! Parar de enxergar o umbigo e achar que o mundo inteiro tem que dançar conforme a nossa música. Temos que aprender - e rápido - a nos movimentar conforme o universo dita a melodia. Acho que felicidade é um tanto isso: dançar no ritmo da vida. Não dá para convencer a vida a ir no nossos passos, porque o tempo não tem botão de pause. A coisa toda vai funcionando, girando, tiquetaqueando. As crianças não param de crescer, o mundo não deixa de mudar e todo segundo tem alguém novo chegando, alguém indo embora, alguém se beijando, se despedindo, se odiando, perdendo o emprego, ganhando uma promoção, ganhando um filho, perdendo um filho, comprando flores, olhando o mar, assoprando um dente-de-leão... então, pra que perder tempo com birras inúteis como tentar fazer tudo e todos olharem a vida do seu jeito? Desista, sério. Se traveste de bailarina, de Pierrot. Fantasie-se pra levar a vida de forma menos dura, mesmo sofrida. Problemas todos tem. Dificuldade todos passam. Mas de forma menos dura, menos sofrida. Problemas todos tem. Dificuldade todos passam. Mas pra tudo tem os dois lados da moeda. O lado bom da coisa e o lado ruim da coisa. O lado poesia e o lado fúnebre. Então eu venho virando a cara pra muita coisa... sempre voltada pra o lado simpático da vida.

Por: Maria Fernanda