segunda-feira, 11 de março de 2013


Aquela era uma saudade feita de um punhado de sorrisos viçosos floridos no jardim da memória. Era pássaro que cantava macio na árvore mais frondosa da minha gratidão. Era mar que estendia ondas suaves de ternura por toda a orla dos meus olhos. Aquela era dessas saudades que toda vez que dizem acendem um mundaréu de estrelas no céu do coração.

Ana Jácomo
Os meus pés estão descalços, minhas mãos estão vazias. Trago o peito entulhado de sentimentos sem adjetivos possíveis. Um coração desestabilizado, terrível. A tarde rasga a pele do tempo e o sol desaba sua claridade em meus olhos. Choro. Meus cabelos estão desgrenhados, meus lábios ressecados pela avidez daquele beijo. Flutuo atravessando muros abstratos, fotografias abandonadas por seus porta-retratos e cadernos sem caligrafias. Transito em transe por ruas desabitadas, por pontes que não promovem encontros. Sou amada por algumas pessoas insípidas que precisam me enfiar em alguma gaveta vazia. Os abrigos me abismam. Hoje estou dura, crua, fria. Hoje estou maldosamente agressiva. Impulsionada a causar feridas, mas não conseguindo exercer com destreza o lado mau que há em mim. Magoei de maneira estabanada, não ganhei absolutamente nada, me dói tudo por dentro, me arrependo, e levo meses para me perdoar pela ferida que abri e que deixei ardendo. Meu lirismo fugiu de mim, larguei ao relento. E eu me sinto deslocada, pois me desabituei a ser assim, a estar assim. Mas quero desaçucarar minha imagem, borrar o rímel da paisagem, derrubar minhas lágrimas presas, tirar a maquiagem das certezas.
E isto é só o começo... ou o fim.

Marla de Queiroz 

quinta-feira, 7 de março de 2013

- Quem é você...? Não consigo ver o seu rosto...
- Não importa quem sou... Mas, se quiseres, posso ser uma brisa no fundo dos teus olhos.
- De onde vens...?
- Perguntou.
- Venho dos corações que não se explicam e da brisa dos olhos que me querem ver.
- Deixa-me ao menos ver o seu rosto...
- Disse ela olhando rapidamente em sua direção. Mas o que ela conseguiu ver foi apenas uma réstia de luz na parede.
- Não! Não posso deixar que veja o meu rosto, pois o destino nos uniu apenas à noite para que não me veja durante o dia, só assim nosso amor será eterno.

Desconheço a autoria.