quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Compreendi, então, que a vida não é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem de ser tocada até o fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade. Um único momento de beleza e amor justifica a vida inteira.

.Rubem Alves
Existem pessoas como a cana, que mesmo postas na moenda, reduzidas ao bagaço, só sabem dar doçura.

.Caio Fernando Abreu.
Vou ser feliz, sem me importar com o que isso irá causar aos outros... o importante é que não estou fazendo mal a ninguém, pelo contrário! Estou apenas enterrando as impurezas e toxinas da minha vida e deixando brotar uma bela frutífera árvore, e que seja doce.

Caio F. Abreu

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Eu me sinto às vezes tão frágil, queria me debruçar em alguém, em alguma coisa. Alguma segurança. Invento estorinhas para mim mesmo, o tempo todo, me conformo, me dou força. Mas a sensação de estar sozinho não me larga. Algumas paranóias, mas nada de grave. O que incomoda é esta fragilidade, essa aceitação, esse contentar-se com quase nada. Estou todo sensível, as coisas me comovem.


.Caio Fernando Abreu
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acerta sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, porque, sinceramente, sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre.


.Clarice Lispector
Não estou falando de um mundo cor-de-rosa ou de pessoas perfeitas, sempre prontas para nos acolher, amar, caminhar ao nosso lado. Não falo disso, mas da tristeza nos olhos de quem vira as costas e a gente não vê. A beleza por dentro de um peito encouraçado que a gente não sente. A solidão de quem afasta um amor e se deita em camas tão frias. É do instante quando os olhos se perdem no nada e nenhuma mentira é capaz de enganar a si mesmo. É desse instante solitário, desse instante sem abraço, que eu digo. Todo mundo vai virar as costas ou dizer que merece coisa melhor ou debochar das mentiras que eles contaram… mas a gente pode sempre voltar e acolher com amor, ser os primeiros a começar. Afinal, se a hostilidade do mundo despertar a nossa, quem vai ser o primeiro a sorrir?

.Rita Apoena

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

.Briza Mulatinho

Eu escrevo teu nome nessa pedras, que vou jogando por onde passo. No fundo, espero que você me siga, mas não tenho coragem de pedir. Aí, tem gente que vem, sem nem ser chamado, sem nem se importar com o fato de nome escrito ali, ser outro. As pessoas não ligam pr'essas pequenezas, sabe? Eu ligo. Ligo pra tudo. Sou mais de detalhes, que do todo. Sempre fui. O fato é que fico olhando pra trás pra ver se você tá vindo e já tropecei umas quantas vezes. Esses dias mais. Isso porque não sinto teu cheirto no ar, não ouço o teu riso passeando pelas horas. E sinto falta. E sinto um quase-medo. Embora, não tenha a menor ideia de quê. Sabe quando você pressente o mostro no escuro, mesmo sem poder vê-lo? É assim. Não sei se você entende, não sei se alguém entende e, realmente, não me importo. Não me importo mais com um  monte de coisas. Dos benefícios do tempo. Hoje, parei e sentei bem aqui na beira desse rio que me atravessa. Só pra te pensar bem forte e te fazer sentir amor do lado de lá. Sim, porque você ainda não atravessou a ponte, bem sei. Mas, ando me sentindo fraca e cansada. Tenho andado de mais, jogado pedras de mais, esperado de mais e você não me alcança. Talvez, seja melhor mergulhar e afogar os pensamentos. Espero que você consiga chegar a tempo e salvar os mais bonitos.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

"Não sou para todos. Gosto muito do meu mundinho. Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestades. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente. Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias."


- Caio Fernando Abreu
"Somos donos dos nossos atos, mas não somos donos dos nossos sentimentos. Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos. Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos... Atos são pássaros engaiolados; sentimentos são pássaros em voo."

- Mario Quintana
"(...) é preciso que você venha nesse exato momento. Abandone os antes. Chame do que quiser. Mas venha. Quero dividir meus erros, loucuras, beijos, chocolates... Apague minhas interrogações. Por que estamos tão perto e tão longe? Quero acabar com as leis da física, dois corpos ocuparem o mesmo lugar! Não nego. Tenho um grande medo de ser sozinha. Não sou pedaço. Mas não me basto."

- Caio Fernando Abreu

no fundo somos todos sadomasoquistas sentimentais...

"Eu só queria que você não me esquecesse neste tempo mesmo. Vai e esquece meu nome, mas não esquece de sorrir ao lembrar dos meus olhos, não esquece de fechar os seus para lembrar da minha pele. Tenho tanto medo, aliás, que a memória da sua se vá da ponta de meus dedos. Tenho tanto medo do tempo, que quer sempre conformar tudo. Se um dia acordo de cara boa e pouquinha saudade, já me dói saber que isso é o tempo querendo pregar suas peças de esquecimento. Tenho raiva de esquecer e de ser esquecível."

Do blog: Amor e Caos

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Uma solidão de artista e um ar sensato de cientista. (...) tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna.

.Caio Fernando Abreu
Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais. Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

.Lya Luft

.Caio Fernando Abreu.

Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. É impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável, mas porque a gente presente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa ao seu redor.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Vigília

Milagre, milagre!
O milagre que eu esperei nunca me aconteceu,
Mas não ha de ser nada, pois eu sei que a madrugada acaba
quando a lua se pões.
Os meus sonhos estão todos na UTI
Esperança já não há,
Os milagres estão todos em coma.
E eu?
Eu sigo só, só me resta esperar
Faço vigília todas as noites, do quinta da minha casa.
Eu dou conta de todas as estrelas
Certa vez eu dei falta de uma delas
Cade a porra da estrela que estava ali?
Há, é uma estrela cadente
Ela é cadente... a estrela.
Eu tive cindo,
Eu tive cinco segundos para fazer a minha prece e fiz, e fiz, e fiz.
Enquanto estava de olhos fechados
Enquanto estava de olhos fechados
Eu imaginava os meus sonhos acordando,
Eu imaginava a esperança batendo na porta da minha casa
Enquanto eu estava de olhos fechados a estrela caia
Perdeu a sua luz no fundo do mar
E eu? Eu sigo, só?
Só me resta esperar
Eu faço vigília todos os dias, do telhado da minha casa.
Eu dou conta de todas as ondas
Eu torço para que uma delas saia do lugar
Para que eu possa ver brilho de luz no fundo do mar
Brilho de luz no fundo do mar
Estrela a brilhas, sonho a sorrir, milagres acontecendo
Esperança de pé.
Mas não,
Mas não há de ser nada...
Pois sei que a madrugada acaba quando a lua se põe
A estrela que eu escolhi não cumpriu com meu pedido
Pois caiu no mar e se apagou.
Se souber nadar... faz o favor...
O milagre que eu esperei nunca...
Quem sabe sé você para trazer o que já é meu.

O Teatro Mágico.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Ana Jácomno

O melhor do abraço é o charme de fazer com que a eternidade caiba em segundos. A mágica de possibilitar que duas pessoas visitem o céu no mesmo instante.

...E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele soririso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

"Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você (...). Se não dormisse cedo, nem estivesse quase sempre cansada, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam 'clack' de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis."

Caio F.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

"Uma pessoa, quando está longe, vive coisas que não te comunica, e tu, aqui, vive coisas que não a comunica. Então, vocês vão se distanciando e, quando vocês se encontrarem, vocês vão se falar assim: oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas? E aí ele vai te falar, por cima, de tudo que ele viveu, e, não sei, vai ser uma proximidade distante. Não adianta, no momento que as pessoas se afastam, elas estão irremediavelmente perdidas uma da outra."

Caio Fernando Abreu

(e isso é triste...)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Cometa bobagens. Dispute uma corrida com o silêncio. Não há anjo a salvar os ouvidos, não há semideus a cerrar a boca para que o seu futuro do passado não seja ressentimento. Demita o guarda-chuva, desafie a timidez, converse mais do que o permitido, coma melancia e vá tomar banho de rio. Mexa as chaves no bolso para despertar uma porta. Cometa bobagens. Não compre manual para criar os filhos, para prender o gozo, para despistar os fantasmas. Não existe manual que ensine a cometer bobagens. Não seja sério; a seriedade é duvidosa; seja alegre; a alegria é interrogativa. Quem ri não devolve o ar que respira.

Fabrício Carpinejar.
Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são seu olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando


Pablo Neruda

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

E felicidade nem sempre tem causa definida. É um acontecimento sem data. Sem tempo e prolonga-se quando o hóspede deixa além da porta aberta, faz suco e deixa-a ficar. Felicidade sem hora contraria todas as regras conhecidas de curtir a dor.
Eu sei oque me deixa feliz. Mas eu não sei quando comecei a me sentir feliz. Eu já sentia.
Felicidade sinaliza que algo foi curado. Que algo foi superado e que você possui a capacidade de contornar qualquer dor que seja, por mais que você pensava que não.
Felicidade não conhece o tempo. Ela chega com um sorriso, no começo da manhã ou na chegada das primeiras estrelas. Felicidade se acomoda no fundo da alma. Cria um canto onde te faz encontrar com primaveras, setembros, passarinhos, crianças e todas as coisas que te faz sorrir. Os que já sofreram muitas dores aprenderam a dar espaço pra ela. Felicidade bem cuidada não tem medida. Ela só cresce.

Vanessa Leonardi

.Vanessa Leonardi

Ei, quero te avisar que não fui embora. Vou ficar por aqui um tempo,
só olhando. Vou tirar a armadura e vestir meu casaco de pele invisível.
Eu não estou parada. Estou mandando amor de uma forma diferente.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

‎Abraço tem que ter pegada, jeito, curva. Aperto suave, que pode virar colo. Alento tenso, que pode virar despedida. Abraço é confissão. Abraço não pode ser rápido senão é empurrão. Requer cruzamento dos braços e uma demora do rosto no linho. Abraço é para atravessar o nosso corpo.

.Fabrício Carpinejar
Me arde uma alegria, que não aceita ser felicidade, porque a felicidade é uma palavra muito longa e a alegria tem pressa. Uma alegria de deitar na grama e sentir que está molhada e não se importar com a roupa orvalhada e não se importar com a hora e com os modos, uma alegria que é inocência, mas sem culpa para acabá-la. Uma alegria que é descobrir os objetos no escuro. Uma alegria repentina, que me faz entortar o rosto para rir, que não me faz pôr a mão na boca com medo dos dentes, que me impede de me proteger. Uma alegria como um tapete que fica somente curtido no centro. Uma alegria de ficar com pena dos anjos e de suas asas pesadas como duas montanhas nas costas, suas asas como dois irmãos brigando em dia de chuva. Uma alegria de perceber que quanto mais gasto o tempo com os outros mais sobra para mim. Uma alegria que não volta para a estante porque não saiu de nenhum livro lido. Uma alegria que se antecipa e faz sala ao quarto. E quase me faz acreditar que sou possível.

.Fabrício Carpinejar

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Eu ando dando voltas, ensaiando enredos, tirando os dois pés do chão como se assim fosse possível recolorir a mesmice da rotina. E é. E, assim sendo, peço toda noite que isso não se perca e me esforço para isso não se perder. Não sei se foi a joaninha verde que pousou em mim, ou se foi a borboleta branca que vi voar da janela ou se foi o grilo escandaloso que me assustou numa noite quente de verão, mas o fato é que tudo ficou tão tranqüilo, tão sereno, tão em paz e tão cheio de riso e de sorte que, caramba! ‘tá fácil, entende? Acordo querendo ficar abraçada no travesseiro e o vento frio vem se esgueirando por entre a veneziana fechada, fazendo carinho no rosto como quem diz: “tentação, menina. Estou aqui pra te fazer querer ficar na cama”. Então o despertador toca, pela quarta vez, “Hear me now”, na versão de Boyce Avenue e eu resmungo um “ok, ok, ok”, jogando os travesseiros no chão e arrumando a cama – cheia de vontade de desarrumar outra vez.

E, apesar de, sorrio. Não há vestígios do mau-humor e, por Deus!, que não haja mais vestígios, farelo nenhum, nenhunzinho sequer. Saio cheia de preguiça até a mesa do café-da-manhã e me enrolo por lá o quanto dá. Até que o relógio, com seu ponteiro branco gigante, me cutuca e desespera: "acelera, bebê". Saio aos tropeços, mas sem esquecer de olhar, uma última vez, no espelho e ligar o som na estação favorita pra sorrir sozinha enquanto risco o asfalto, correndo contra o tique-taque das horas. Isso de registrar ponto é cansativo, vou lhe dizer... e olhe que é só a primeira semana. Entretanto, esse cansaço é bom, o dia desenrola depressa e logo estou de volta, enchendo a barriga com porcarias e vendo episódio atrás de episódio de Criminal Minds, mas sem esquecer de abrir espaço pros semanais de Grey's Anatomy e The Walking Dead (sim eu assisto e já aproveito pra acrescentar que em abril retorna Game Of Thrones, pra alegria geral da nação).

Insano, me parece. Narro em poucas linhas minha rotina, quase como um diário de bordo - que não interessa ninguém, vamos concordar. Então eu fico pensando o que é mesmo que eu queria dizer quando comecei a rabiscar coisa de qualquer jeito, entender esses pés e cabeça nas nuvens... Entender não, explicar. E agora fico procurando um sentido nesse querer explicar, de querer dizer porquê os pés altos, coração sambando e caminhos estranhos... Acho que sei sem saber, entende? Deve ser o verão que mexe com meus miolos cozidos debaixo do sol. Ou deve mesmo ser o verão, com as suas cores muitas, festas tão família e férias, esse hiato entre o conhecido e o novo. Então abracei aquele que conheço bem e deixei fluir sem estresse. ok. Talvez um ou dois desentendimentos bobos, mas tão de minuto que, puf, esqueci.

Se quer saber, no fundo eu nem queria dizer coisa alguma. Vai ver, só falhei ao tentar escrever este. Ou seria “mais este”? É, não é o primeiro. Tampouco será o último, eu sei. Por mais que esteja fada a escrever linhas inconclusivas, ladainhas sem sentido, rotinas desinteressantes, não resisto a recomeçar de novo. Não sei... tem algo aqui dentro que pulsa, que transborda ansiedade e que tem a necessidade de vomitar aquilo que acumula na ponta dos dedos. Seja através de qualquer teclado escroto ou de caneta de cor.

 No fundo, no fundinho mesmo, acho que rabisco pra tentar sentir por fora. Pra ler os sentimentos que reflito no espelho, pra entender essa saudade que dá todo fim do dia, quando um tchau é dado sem beijos e quando a noite é solitária, numa cama de solteiro. Companhia só do barulho tímido do ar-condicionado, depois dos muitos sustos e mordidas de lábios, enquanto devoro algum novo episódio de Criminal, desejando que o Spencer apareça mais do que qualquer outro personagem (yes, baby. Eu a-do-ro aquele garotinho inteligente). Então é isso. Sau-da-de.

Das férias, da companhia vinte e quatro horas, da despreocupação, do andar sem olhar as horas, de acordar sorrindo por ter sol e mais um dia de praia; ou acordar sorrindo por ter chuva e ficar na cama até a preguiça desalojar de vez. Acho que me apaixonei de novo nesses quinze dias de presença perpétua e danço um tanto boba nessa rotina cheia de preocupações e responsabilidades. Talvez essas palavras desconexas sejam só pra firmar que, apesar da rotina, da presença, do trabalho, vai tudo muito bem, obrigada. Talvez essas frases sejam só pra tatuar na memória que nada ruim dura pra sempre e sempre terei meios de tentar contornar.

Que seja.

Blog. Palavras e Silêncio