quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Eu ando dando voltas, ensaiando enredos, tirando os dois pés do chão como se assim fosse possível recolorir a mesmice da rotina. E é. E, assim sendo, peço toda noite que isso não se perca e me esforço para isso não se perder. Não sei se foi a joaninha verde que pousou em mim, ou se foi a borboleta branca que vi voar da janela ou se foi o grilo escandaloso que me assustou numa noite quente de verão, mas o fato é que tudo ficou tão tranqüilo, tão sereno, tão em paz e tão cheio de riso e de sorte que, caramba! ‘tá fácil, entende? Acordo querendo ficar abraçada no travesseiro e o vento frio vem se esgueirando por entre a veneziana fechada, fazendo carinho no rosto como quem diz: “tentação, menina. Estou aqui pra te fazer querer ficar na cama”. Então o despertador toca, pela quarta vez, “Hear me now”, na versão de Boyce Avenue e eu resmungo um “ok, ok, ok”, jogando os travesseiros no chão e arrumando a cama – cheia de vontade de desarrumar outra vez.

E, apesar de, sorrio. Não há vestígios do mau-humor e, por Deus!, que não haja mais vestígios, farelo nenhum, nenhunzinho sequer. Saio cheia de preguiça até a mesa do café-da-manhã e me enrolo por lá o quanto dá. Até que o relógio, com seu ponteiro branco gigante, me cutuca e desespera: "acelera, bebê". Saio aos tropeços, mas sem esquecer de olhar, uma última vez, no espelho e ligar o som na estação favorita pra sorrir sozinha enquanto risco o asfalto, correndo contra o tique-taque das horas. Isso de registrar ponto é cansativo, vou lhe dizer... e olhe que é só a primeira semana. Entretanto, esse cansaço é bom, o dia desenrola depressa e logo estou de volta, enchendo a barriga com porcarias e vendo episódio atrás de episódio de Criminal Minds, mas sem esquecer de abrir espaço pros semanais de Grey's Anatomy e The Walking Dead (sim eu assisto e já aproveito pra acrescentar que em abril retorna Game Of Thrones, pra alegria geral da nação).

Insano, me parece. Narro em poucas linhas minha rotina, quase como um diário de bordo - que não interessa ninguém, vamos concordar. Então eu fico pensando o que é mesmo que eu queria dizer quando comecei a rabiscar coisa de qualquer jeito, entender esses pés e cabeça nas nuvens... Entender não, explicar. E agora fico procurando um sentido nesse querer explicar, de querer dizer porquê os pés altos, coração sambando e caminhos estranhos... Acho que sei sem saber, entende? Deve ser o verão que mexe com meus miolos cozidos debaixo do sol. Ou deve mesmo ser o verão, com as suas cores muitas, festas tão família e férias, esse hiato entre o conhecido e o novo. Então abracei aquele que conheço bem e deixei fluir sem estresse. ok. Talvez um ou dois desentendimentos bobos, mas tão de minuto que, puf, esqueci.

Se quer saber, no fundo eu nem queria dizer coisa alguma. Vai ver, só falhei ao tentar escrever este. Ou seria “mais este”? É, não é o primeiro. Tampouco será o último, eu sei. Por mais que esteja fada a escrever linhas inconclusivas, ladainhas sem sentido, rotinas desinteressantes, não resisto a recomeçar de novo. Não sei... tem algo aqui dentro que pulsa, que transborda ansiedade e que tem a necessidade de vomitar aquilo que acumula na ponta dos dedos. Seja através de qualquer teclado escroto ou de caneta de cor.

 No fundo, no fundinho mesmo, acho que rabisco pra tentar sentir por fora. Pra ler os sentimentos que reflito no espelho, pra entender essa saudade que dá todo fim do dia, quando um tchau é dado sem beijos e quando a noite é solitária, numa cama de solteiro. Companhia só do barulho tímido do ar-condicionado, depois dos muitos sustos e mordidas de lábios, enquanto devoro algum novo episódio de Criminal, desejando que o Spencer apareça mais do que qualquer outro personagem (yes, baby. Eu a-do-ro aquele garotinho inteligente). Então é isso. Sau-da-de.

Das férias, da companhia vinte e quatro horas, da despreocupação, do andar sem olhar as horas, de acordar sorrindo por ter sol e mais um dia de praia; ou acordar sorrindo por ter chuva e ficar na cama até a preguiça desalojar de vez. Acho que me apaixonei de novo nesses quinze dias de presença perpétua e danço um tanto boba nessa rotina cheia de preocupações e responsabilidades. Talvez essas palavras desconexas sejam só pra firmar que, apesar da rotina, da presença, do trabalho, vai tudo muito bem, obrigada. Talvez essas frases sejam só pra tatuar na memória que nada ruim dura pra sempre e sempre terei meios de tentar contornar.

Que seja.

Blog. Palavras e Silêncio

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