quinta-feira, 30 de setembro de 2010

“Ai, ai, será que foi assim? Que foi o tempo que tirou você de mim?” [Tiê]


Que o tempo transforme toda dor em quase nada. Que ele reduza o amor em lembranças. Que o tempo costure com linha dupla todas as feridas. Que as cicatrizes sejam troféus de batalhas vencidas. Que nunca nos enganemos ao pensar esperar o tempo passar. O tempo é contínuo, ele não passa. Nós passamos e são os nossos relógios que fazem tic-tac. São as areias da ampulheta do tempo se esgotando. O desesperador é que ouvimos o cair de cada grão. Não é “mais um dia”. É “menos um dia”. Guardemos então, o eterno. E o eterno é a espera por algo que só vemos em anúncios de margarina e sabão em pó, algo que talvez se torne só uma fotografia amarelada na nossa memória humana, falha.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010


"Dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, somá-las, diminuí-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto."

'...porque minha fantasia ultrapassa tua dança...'

"Tenho repetido que, no que depender de mim, me recuso a ser infeliz".

"Tente.
Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto,

uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem.

Pelo menos sorria, procure sentir amor.

Imagine. Invente. Sonhe. Voe. "


De onde vem essa iluminação que chamam de amor, e logo depois se contorce, se enleia, se turva toda e ofusca e apaga e acende feito um fio de contato defeituoso, sem nunca voltar àquela primeira iluminação?


Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 27 de setembro de 2010


Através de uma alameda de arvores frondosas, folhas caiam a minha frente como a marcar o caminho por onde eu viria a passar, um vento gelado soprava levantando pequenos gravetos, meu pensamento se perdeu… comecei a rir de mim mesmo, não sabia para onde estava indo, só sabia que eu precisava continuar…

O ar ,derrepente, se encheu de poeira, cubri meus olhos com um pequeno lenço que levava em meu bolso e segui em frente. Nuvens carregadas começaram a se impor, o dia virou noite, pequenas gotas de chuva começaram a cair, apertei meu passo, ignorando os obstaculos, segui em frente, as gotas que mal caiam num instante tornaram-se pesadas, as arvores antes frondosas se contorciam com o vento como se tentansem se esconder, meu passo ja não era tão firme, a trilha que até então era ampla parecia estreitar-se em um declive de curvas sinuosas, eu quis fugir, mas pra onde?… Deveria ter me abrigado e esperado, mas não podia, eu tinha que seguir em frente. Minhas roupas pesadas, pareciam congelar com o vento que soprava impiedoso. achei estar andando em círculos…

A alameda de arvores frondosas tornara-se um labirinto de arvores contorcidas, minhas pernas ja não aguentavam, estava eu ofegante o ar parecia fugir de mim, quando derrepente cai de joelhos, estava só, molhado, cansado, pensei em desistir. Senti o gosto de minhas lagrimas misturadas a meu suor e o barro encrostado em meu rosto, estava só, de joelhos vi o reflexo de meu rosto em um pequena poça, meus olhos estavam vermelhos, minha respiração ofegante, fechei meus olhos em busca de uma lembrança, algo que me indicasse um caminho, algo que me desse forças, eu estava só, minha vida então começa a passar diante de mim lembranças longínquas do que um dia eu pude sentir, percebi que fui me abandonando, e não sabia mais o gosto que tem uma paixão ou o esplendor de um algo mais… minha longa curta vida… quanto deixei de vive-la… o quanto optei deixa-la simplesmente passar…

Estava só

Leleu Antonio

sexta-feira, 24 de setembro de 2010


Que saudade agora me aguardem,
Chegaram as tardes de sol a pino,
Pelas ruas, flores e amigos,
Me encontraram vestindo meu melhor sorriso,
Eu passei um tempo andando no escuro,
Eu era a causa e a saída de tudo,
E eu cavei com um túnel meu caminho de volta.

Me espera amor que estou chegando,
Depois do inverno a vida em cores,
Me espera amor nossa temporada das flores.

Eu te trago um milhão de presentes,
Que eu achava que já tinha perdido,
Mas estavam na mesma gaveta,
Que o calor das pessoas e o amor pela vida...

Me espera estou chegando com fome,
Preparando o campo e a alma pra as flores,
E quando ouvir alguém falar no meu nome,
Eu te juro que pode acreditar nos rumores.

Me espera amor que estou chegando,
Depois do inverno a vida em cores,
Me espera amor nossa temporada das flores.

Me espera amor que estou chegando,
Depois do inverno a vida em cores,
Me espera amor nossa temporada das flores.

terça-feira, 21 de setembro de 2010


Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza

Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
E a outra metade um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
E a outra metade não sei

Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é a canção

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Oswaldo Montenegro

sábado, 18 de setembro de 2010



Estou repleta de urgências para o amor,
mas não foi preciso o desespero
você veio sem improviso e por inteiro
numa dessas esquinas, propícias para os encontros.

Se deixar, quero virar uma saudade boa
dormindo no teu olhar mais bonito.
Me deixar à beira de um verso interminável
tatuando o teu meio-sorriso no meu início.

Tanto sonho nesses tantos futuros que enlaçam
a ínfima chance da presença e do cheiro.
Quem diria que seria você acontecendo
na minha frente e para sempre trazendo
um arrepio numa alegria, e qualquer coisa eterna
derrubando um punhado de tempo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

"Que tudo seja leve de tal forma que o tempo nunca leve."


Que eu seja o seu maior e melhor amor; o mais doce, mais quente, mais risonho e importante. Daquele amor, que mesmo quando acaba (por medo ou distância ou destino), nunca acaba de verdade. E mesmo que passe por você, muitas outras mulheres, quem sabe esposa, amantes... Você sempre vai preferir o meu beijo, abraço, carinho e lençóis. Que seja amor tudo o que você sinta, e guarde muito bem; para o tempo nunca apagar e nada, nem ninguém tentar destruir. Que seja amor - para nunca esquecer; e se não estivermos juntos, que você seja muito feliz, mas sabendo que ao meu lado será muito mais. Que esse amor, faça ter um pouco de mim em tudo que você enxergar. Que seja amor, para uma, duas vidas inteiras. E na sua vida seguinte, você ainda terá o mesmo amor por mim, somente e para sempre por mim.

terça-feira, 14 de setembro de 2010


Tenho um olho grande para o pequeno. Talvez por gostar das coisas simples de uma vida comum. Porque não acredito que ela seja tão comum assim. Gosto das histórias pequenas porque dentro da minha cabeça elas se tornam gigantes. Tento manter um horizonte por dentro como defesa. Na verdade, devemos fazer esse exercício de nos esvaziar pra esticarmos a linha do outro. E limpos, somos mais capazes de escutar, com todos os sentidos, o mundo do vizinho.


Gosto da conversa depois de um dia de trabalho para ouvir risada e fazer poesia da vida. Simples assim. Horas simples em que o tempo para. Gosto das pessoas que acordam a cada dia, cheia de pesos nas costas mas com riso no rosto. Uma forma de não cair num abismo qualquer. Ver na noite o que não achou durante o dia. Gente que acredita que a lua tem um controle remoto do tempo. Contar passos pro encontro. Dividir a vida com o amigo, com o pai, com o irmão, com o vizinho, com quem passa ou passou pela gente.


Eu sei que o mundo às vezes é feio e triste. E que sorriso não é sempre que a gente tem pra dar. E muitos dizem que o momento é ruim. A crise é grave. Que rapadura é doce mas não é mole. Isso e aquilo. Mas eu digo: isso só nos torna mais fortes. A vida traz um punhado de surpresas. E na verdade eu me sinto uma sortuda. Sorte por ter conhecido amigos como os meus. Sorte por poder abraçar minha filha. Sorte por ter nascido. Sorte por continuar aqui. E no final, a gente só lembra das coisas boas.


Não quero me preocupar com bobagens e só procurar o que me faz realmente feliz. Porque o tempo passa muito rápido. Não gosto de muitas coisas nessa vida. Mas a que menos gosto é que ela é curta demais. Porque estamos aqui pra sermos felizes, darmos amor em troca de nada. Isso é estar presente no presente. Criar sentido se arrisacando no estar. Presente. Ainda que nada ganhe. Ainda que doa.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010


Não entendia muita coisa. Bem, não entendia era nada. Só sabia que tinha mistério, que era bom de sentir. Importante era estar no mundo, ser mundana. É que coração deseja com força viver com fé. Viver por aquilo que se acredita. Carregar estandarte de sorriso largo. Enxergar o bonito das pessoas. Tem o lado moça-crescida-de-pé-no-chão, mesmo só um. Tento me concentrar nessa dona que coloca as vontades enfileiradas. E ando que nem cigana em dois mundos, lá e cá. Muitas vezes mais lá do que cá. É que no meu mundo, grão de areia é pedra preciosa. Difícil isso hoje em dia. Mas é o que deixa o peso do meu estandarte mais leve nos dias... E ta tudo tão claro aqui dentro de um jeito que eu já estava desacostumada. Encontrei bilhetes bonitos bem debaixo do tapete, na porta de entrada daqui de casa. Vou colocá-los pra dentro. Para mim, noticias em baixo do tapete tem significados. Tudo pra mim tem significado. É tempo de boas noticias. É mês de Santos festeiros. Já era hora de encontrar esse não sei oque que sempre falta. Pra poder depois começar a procurar de novo. Porque a vida é assim de movimento. Eu sou

domingo, 12 de setembro de 2010


Eu agora só vou enfeitar o sentimento com letras porque deixa a mostra oque passa por dentro.Porque é bonito isso de sentir e saber que é recíproco. Porque te digo que é uma belezura das maiores passar o dia assim, lembrando do sorriso, lembrando do teu olho puxado, do teu cabelo pra cima , da tua risada aberta, dos desenhos to-dos do seu braço e agora da tua perna! Eu falo que é saudade, sempre saudade oque sinto nessas horas que a gente tá um lá e o outro aqui. Mas o mais estranho é sentir saudade quando tá do lado, né? Pois é, a gente sente. Sente falta quando ainda nem foi embora. Deve ser vontade de ficar grudado, A minha é. E sei que você me entende, mesmo não falando nada, porque meu coração tiquetaqueia junto do teu. No mesmo ritmo agora. Gasto tempo só passando a mão na tua barba pensando que você não precisava me salvar de nada. Mas se fizesse, eu gostaria. É nessa coisas que penso quando olho pro nada e nunca respondo sua pergunta ‘ta pensando em que?’. É que meus pensamentos são mais rápidos que nuvem em dia de vento. Mas quando é das coisas boas que penso, é você que me aparece na ideia. É teu nome que vem na cabeça. É dessas lembranças que eu quero carregar a vida toda. Toda. Porque a gente troca ternura em forma de sorriso, dessas que acalmam o pensamento e o coração. É, a gente troca muita coisa boa hoje em dia. E sabe oque é mais engraçado? Se alguém me falasse há seis meses atrás que eu ia te encontrar, eu não acreditaria.

sábado, 11 de setembro de 2010


'... coisa que depois de muito tempo
a gente possa olhar e sorrir,
mesmo sem saber por quê. ...'

.Caio Fernando Abreu

Ela é uma moça de poses delicadas, sorrisos discretos e olhar misterioso. Ela tem cara de menina mimada, um quê de esquisitice, uma sensibilidade de flor, um jeito encantado de ser, um toque de intuição e um tom de doçura. Ela reflete lilás, um brilho de estrela, uma inquietude, uma solidão de artista e um ar sensato de cientista. Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Ela tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna.

.Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 10 de setembro de 2010


Te dou as minhas vontades e um pedaço de doce. Um muito do meu tempo que às vezes é tão curto, mas é teu. Só teu. Junta seus sonhos com o meu. E assim a gente costura um céu estrelado. Ou uma noite tão clara como o dia. Tenho uma coleção de estrelas penduradas no teto do meu quarto. Escolhe uma e leva pra você.


Tenho um pote cores onde antes guardava doce. Fica em cima da geladeira. Abre-o e pega uma cor rápido, antes que vire arco-íris. Tenho um segredo que vou contar só pra você aqui. Escondo um antigo mapa dado pelo meu avô pra neta mais velha que sou. Sim, um mapa! Pro lugar onde a gente vai ser feliz todo dia. Tá marcado com um X, em vermelho. De lá a gente vai assistir o mundo de cá. É segredo. Depois te conto mais.


Vou pintar uma realidade fantástica pra você se distrair da rotina sem cor. E sei que nem sempre é possível estar feliz o tempo todo. Mas você só vai chorar na minha frente quando o xampu cair no seu olho. E as tempestades que vierem a gente vai enfrentar de barco, de guarda chuva, de proteção qualquer. Mas a gente vai. Juntos.


Vai ter dias ensolarados só pra gente sentar debaixo de uma sombra de uma árvore gigante. Pra procurar jacaré nas nuvens. Vou tirar você da rotina só pra te distrair com minhas histórias mirabolantes de uma vida normal.


Pra ver você feliz eu desenho seu carro preferido e te coloco dentro dele. O carro dos seus sonhos. Dos seu sonhos é isso que sei. Que não sei muita coisa, mas é isso que posso oferecer. Pedaços de cacos que saltam da minha mente enquanto durmo e sonho ao teu lado. Sonhos são uma forma de nos encontrarmos com o que fica escondido dentro do peito. São futuros doces querendo ser presente. Eu quero te dar o mais doce deles.


É só isso que posso fazer pra ver você feliz. Estender um braço e entregar um coração cheio de temperanças sujeito a intempéries. Preciso te dizer também que tempo ruim é na meteorologia, não na gente. Que chuva quando é vista da sombra a gente enxerga o arco-íris.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010


"A solidão às vezes é tão nítida como uma companhia. Vou me adequando, vou me amoldando. Nem sempre é horrível, às vezes é até bem mansinha. Mas sinto tão estranhamente que o amor acabou".
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"Eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meu deus, mas como você me dói de vez em quando".
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"Não é saudade, porque pra mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu - mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida de mais e, a cada momento, tudo se perde".
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"De repente, sentada no sofá, recordei tristeza, ao lado da mala cheia de defuntos que carrego, meu olfato se aguça. De repente, não mais que de repente, meu olhar se fez cansado, minha tristeza se fez única, igual ao sabor de coisas perdidas no tempo, esquecidas, como uma bandeja de morangos mofados".

Caio Fernando Abreu

domingo, 5 de setembro de 2010


A paixão testa, o amor prova. A paixão acelera, o amor retarda. A paixão repete o corpo, o amor cria o corpo. A paixão incrimina, o amor perdoa. A paixão convence, o amor dissuade. A paixão é desejo da vaidade, o amor é a vaidade do desejo. A paixão não pensa, o amor pesa. A paixão vasculha o que o amor descobre. A paixão não aceita testemunhas, o amor é testemunha. A paixão facilita o encontro, o amor dificulta. A paixão não se prepara, o amor demora para falar. A paixão começa rápido, o amor não termina.

.Fabrício Carpinejar

sexta-feira, 3 de setembro de 2010


"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. "