quarta-feira, 8 de setembro de 2010


"A solidão às vezes é tão nítida como uma companhia. Vou me adequando, vou me amoldando. Nem sempre é horrível, às vezes é até bem mansinha. Mas sinto tão estranhamente que o amor acabou".
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"Eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meu deus, mas como você me dói de vez em quando".
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"Não é saudade, porque pra mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu - mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida de mais e, a cada momento, tudo se perde".
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"De repente, sentada no sofá, recordei tristeza, ao lado da mala cheia de defuntos que carrego, meu olfato se aguça. De repente, não mais que de repente, meu olhar se fez cansado, minha tristeza se fez única, igual ao sabor de coisas perdidas no tempo, esquecidas, como uma bandeja de morangos mofados".

Caio Fernando Abreu

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