quarta-feira, 6 de julho de 2011

assoprar a sombra para lá.

é que eu já sei de cor
qual o quê dos quais
e poréns dos afins
[Paquetá -  Amarante, R.]


Tem dias que eu quero muito o sol sobre mim. Uma sombra minguada sobre os meus pés e o mundo inteirinho azul na minha frente. Queria que não chovesse, que não molhasse. Não mais sentir a gota que escorre pela face. Odeio os dias grudentos, fechado em cinza com nuvens gordas sujando a cidade. Umidade demais me enjoa. E dá vontade de se esconder no meio das cobertas, de se esquecer entre um sonho e outro - que não façam sentido. Por favor, eu preciso de sonhos sem sentido, sem pés nem cabeça, sem começos, meios e fins. Sem fim. Quando sonho certinho demais, acordo mergulhada em uma nostalgia, pois sempre sonho perguntas e tento saná-las de todas as maneiras possíveis. E, por não conseguir, eu sonho em como as coisas eram e fico tentando entender porque as coisas deixaram de ser. É onde eu acordo virada em melancolia e as nuvens gordas e sujas e úmidas e frias não ajudam muito nessa de querer evaporar as lembranças. Então, eu quero muito um sol sobre mim. Meu, particular. E uma bala de menta, pra tirar o gosto amargo das palavras que engulo todo dia antes de deitar.

Do'Blog.: Palavras e Silêncio 


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