sábado, 10 de março de 2012

fresta de cortina

Da ou note. Tanto fazia.
Ali sempre soprava uma brisa tímida, dançando tango com as cortinas.
Noite ou dia. Tanto fazia.
Ele pulava da cama com os pés descalço e se arrastava ao cheiro de vida que, por alguma alguma fresta, fugia.
Era cheiro de riso, de infância, de criança na rua. Era cheiro de estrelas, de noite sem lua, de amor sem pudor.
Cheiro de lágrima contida, cheiro de peito doído, cheiro de preguiça, de sono, de sonho. De morte.
Dia ou noite. Tanto fazia.
As cortinas lhe acariciavam a face e, com as mãos tremidas, ele as punha de lado.
Respirava o som da vida dormida.
Toda noite, todo dia.
Não sabia.
Dali, imaginava as cores.
Um céu amarelo, um sol de café, uma nuvem de estrelas.
Sentia o sorriso inocente, o cheiro da chuva,
Ouvia a bola rolando, o cristal se quebrando, bocas silenciando.
Tudo vindo daquela janela
Que ele, cego, não via.

Blog.: Palavras e silêncio 

Um comentário:

  1. Meeeu bem,
    será que dava pra colocar a autoria no MEU texto?

    Esse aqui ó:
    http://desenhocores.blogspot.com/2010/09/que-tudo-seja-leve-de-tal-forma-que-o.html#comment-form

    ResponderExcluir